Um homem de DeusEm 2002 foi canonizado pelo Papa João Paulo II, Padre Pio de Pietralcina. Como sacerdote, Padre Pio faleceu aos 81 anos, tendo carregado por quase 50 anos os estigmas de Cristo em seu corpo. Mas o que este homem tem a ver com os 26 anos da Milícia da Imaculada? Frei Sebastião contra nas entrelinhas desta entrevista, concedida à jornalista Túlia Savela, como Padre Pio lhe deu pistas, esperanças e a certeza das conquistas no caminho da evangelização sob a proteção e a mediação da Imaculada.
Frei Sebastião, antes de vir em missão para o Brasil, o senhor foi ao encontro de Padre Pio pedir-lhe uma benção. Por quê?Foi praticamente alguns dias antes de embarcar no navio em Gênova, em novembro de 1966. Eu ouvi falar sobre o Padre Pio, e eu desejava vê-lo pessoalmente. E achando que ele era um homem de oração, um homem de Deus, eu queria pedir a benção dele, o que de fato aconteceu depois. Eu o procurei principalmente para pedir uma benção e também para ter uma certa confirmação sobre algumas coisas que eu já pensava, que eu projetava, que eu sonhava.
E quais eram estes projetos?É difícil dizer o que eu pensava, mas era tudo relacionado ao meu futuro como sacerdote, como franciscano, relacionado ao meu apostolado, à minha vida espiritual, ao cumprimento da minha missão, principalmente no que diz respeito a Nossa Senhora. E realmente eu tive uma surpresa, porque constatei que Padre Pio estava “sabendo” dessas coisas e que ele me apoiava nesta caminhada que eu estava projetando com Nossa Senhora, para o futuro da minha vida consagrada, da minha vida sacerdotal.
E o que mais o marcou naquele encontro?Pensando depois, o que mais me marcou foi o carinho que ele teve comigo: ele mesmo quis que eu celebrasse a missa com as vestes sacerdotais dele. Isso foi pra mim um presente muito grande. O fato de ele ter “lido” o meu pensamento e ter me dado uma resposta sem eu abrir a boca, parando na minha frente, me abençoando. Pelo fato dele ter me recebido na sua cela, falado comigo em particular. Isso tudo realmente me deu uma força muito grande, um ânimo muito grande para fazer aquilo que eu já sonhava; portanto, foi uma experiência muito especial, foi um confirmar, um retomar e uma segurança. O que eu mais senti foi que um homem de Deus estava ao meu lado. Senti que foi Nossa Senhora que quis aquele encontro com ele, porque Ela queria que eu levasse em frente essa obra de evangelização. Digo isso porque dentro de mim eu tinha certeza de que Padre Pio me receberia, iria falar comigo, e se não tivesse acontecido, eu iria achar muito estranho. Portanto, acredito que foi uma inspiração interna que eu tive. É quase como se ele me chamasse de uma forma assim silenciosa, por dentro do coração. É difícil explicar essas coisas, mas eu sentia que ele me esperava, isso posso dizer com certeza.
E qual a ligação entre essa experiência e a MI?Eu não sei, porque quando falei com Padre Pio, havia à frente uma caminhada com Nossa Senhora. Ela me conduziria, como ele me disse: “Deixe-se conduzir por Ela! Ela vai lhe dizer em todos os momentos o que você tem que fazer. O importante é que procure amá-la, estar sempre com Ela, fazer tudo com Ela, viver com Ela continuamente. Ela vai lhe dar a força e tudo vai acontecer, você verá isso um dia”.
Anos depois, o senhor voltou à terra natal de Padre Pio, como foi esse retorno?É realmente impressionante ver que o maior marketing é a santidade, porque Padre Pio nunca saiu daquele lugar, San Giovanni Rotondo, e agora são milhões de pessoas que vão até lá. Naquele dia, a Missionária Marina, a Missionária Rafaella e eu fomos visitar a cidade de Fasto, pois, um pároco queria oferecer a rádio e a televisão de sua região para as missionárias. Então nós fomos falar com o padre e foi uma experiência muito boa. Dali, faltavam ainda 100 km para chegar à cidade de Padre Pio, e já era tarde, mas nós fomos. Chegando lá estavam fechando tudo. Então as duas missionárias foram rezar na igreja; o local onde ficava o túmulo de Padre Pio estava fechado. Mas eu vi um frade e falei assim: “Olha, eu sei, está tudo fechado, mas eu queria visitar a cela de Padre Pio porque foi lá que conversei com ele”. Ele me disse: “Você está com sorte, porque eu estou aqui trabalhando e eu nunca o vi, e nem falei com ele. Então vamos juntos”. Então subimos até lá. Chegando no quarto, eu rezei e em determinado momento olhei para o frei e falei: “tantos anos atrás, eu pedi a benção a Padre Pio, e ele me deu, agora é você quem vai me abençoar”. Ele ficou emocionado e disse: “Eu não sou Padre Pio, mas gostaria que fosse a benção de Padre Pio através das minhas mãos”. E ele me abençoou e eu fiquei muito contente.
O que mais chamou a sua atenção na vida de Padre Pio?Um homem de Deus. Pelo pouco tempo que eu estive com ele, a sensação foi de que ele era um homem que estava em deus de uma forma física, espiritual, psíquica, inteiramente. Um homem que respirava Deus, um homem que vivia de Deus. Realmente é uma sensação muito bonita. Ele me ajudou muito. Através da experiência que tive com ele, eu senti que é possível amar alguém sem o conhecer. Aliás, é possível amar, conhecer sem nunca ter visto a pessoa, porque parece que no mundo de Deus não tem anonimato, não tem distâncias, não tem número, é muito fácil se conhecer, se entender, é fácil amar porque todos fazem parte de uma única realidade que é Cristo.
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